A polifarmácia, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é o uso rotineiro e concomitante de quatro ou mais medicamentos (com ou sem prescrição médica) por um paciente1. Com o aumento da expectativa de vida tem se tornado cada vez mais frequente, uma vez que a maior prevalência de doenças crônicas entre indivíduos idosos resulta em uma maior utilização simultânea de múltiplos medicamentos2.
Em muitos casos a polifarmácia é necessária para que todas as condições clínicas do paciente recebam tratamento adequado. Contudo, seu potencial de causar danos ao paciente fez com que ela fosse destacada com uma das três categorias prioritárias do Terceiro Desafio Global de Segurança do Paciente (Leia mais), que tem como tema “Medicação sem danos”, e é preciso envolvimento de todos (profissionais e pacientes) para prevenir possíveis erros de medicação associados a polifarmácia1.
A desprescrição é uma das estratégias que tem sido muito empregada para reduzir a polifarmácia e, consequentemente, seus riscos associados3,4. A prática consiste no processo de identificação e descontinuação de medicamentos desnecessários, inefetivos, inseguros ou potencialmente inadequados (Leia mais) e envolve a colaboração entre profissionais e pacientes. A desprescrição deve considerar os benefícios e danos do medicamento ao paciente, quais são os objetivos do tratamento com o medicamento em questão, expectativa de vida do paciente, bem como comodidade e preferências do paciente que possam contribuir para a adesão ao tratamento2.
O processo de desprescrição pode envolver qualquer medicamento e, embora seja mais comum em pacientes idosos, pode ser feito com pacientes de todas as faixas etárias, sempre que necessário. O uso de uma ferramenta ou algoritmo validado (Quadro 1) pode auxiliar na implantação e execução do processo de desprecrição5 e a escolha da ferramenta mais adequada irá depender do contexto clínico e faixa etária do paciente, bem como do protocolo de desprescrição padronizado pela instituição.
Quadro 1 – Exemplos de ferramentas para auxiliar na desprescrição de medicamentos
A participação do paciente na desprescrição deve ser estimulada, bem como de todos os profissionais de saúde envolvidos no cuidado. O empoderamento do paciente e seus familiares para que participem de forma engajada de seus processos de cuidado, fazendo perguntas, identificando erros e participando do gerenciamento da sua terapia medicamentosa é tão importante para qualidade e segurança do cuidado que está listado como um dos objetivos principais Terceiro Desafio Global de Segurança do Paciente1. Nesse contexto, cinco perguntas podem auxiliar o paciente na sua participação ativamente desse processo e contribuir para o uso seguro de seus medicamentos6:
A “Segurança da medicação e situações de alto risco”, como é o caso da polifarmácia, e “O paciente como agente de sua segurança” serão temas de mesa-redonda no VI Fórum Internacional sobre Segurança do Paciente – Erros de Medicação, que será realizado nos dias 3 e 4 de agosto de 2018, em Belo Horizonte (Saiba mais).
por Raissa Carolina Fonseca Cândido
Referências